Skip to content Skip to footer

Universidade de Brasília 01/2023.

Faculdade de Comunicação – FAC.

Programa de Pós-Graduação em Comunicação

Disciplina: Estética da Comunicação / Tópicos Especiais em Comunicação

Professor titular da disciplina: Prof. Dr. Gustavo de Castro da Silva

Professora convidada: Prof. Dra. Danielle Naves de Oliveira

Dia e horário: quintas-feiras, das 9h às 11h30

Modalidade: online

EMENTA

Cada sociedade costuma eleger os seus manchados e, simultaneamente, desenvolve estratégias para evitá-los ou mesmo eliminá-los. Do ponto de vista da comunicação, sabemos contudo que a pureza é impossível. A comunicação é o lugar das passagens, porosidades, encruzilhadas, misturas, entroncamentos, expansões capilares, desenvolvimentos caóticos, trocas inesperadas, excrescências. Contraditoriamente, no século 21, não só através dos novos media digitais, mas também em vários níveis comunicativos, observa-se uma intensificação de medidas purificadoras e de ideologias de exclusão. Tais ações desembocam na estigmatização da alteridade, ou seja, num tipo de mancha contagiosa a qual os antigos gregos já chamavam de miasma. Tal mancha pode ser de ordem moral, política ou religiosa e está ligada tanto a atos extremos (peste, crimes e guerras) quanto a meros processos corporais (nascimentos, sangue menstrual, contato com cadáveres).

OBJETIVOS E APORTE TEÓRICO

O objetivo da disciplina é problematizar a relação entre comunicação e contaminação. Recorremos, para isso, a um triplo aporte: revisão da história cultural do contágio, sobretudo o contágio moral; leitura de obras literárias correlatas; confrontamento de tais teorias com o cenário contemporâneo, principalmente aos eventos ligados a exclusão, ódio e negação da alteridade.

BIBLIOGRAFIA

OBRIGATÓRIA

ABREU, Caio Fernando. “O homem e a mancha” [1994]. In: Teatro completo. São Paulo: Agir, 2009.

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua [1995]. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

ARCAND, Denys. As invasões bárbaras [Filme]. Canadá, 2003.

ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo [1938]. Trad. Monica Stahel e Teixeira Coelho. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

IONESCO, Eugène. O rinoceronte [1959]. Trad. Luís de Lima. Rio de Janeiro: Agir, 1962.

GIRARD, René. O bode expiatório [1982]. Tradução Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2014.

GIRARD, René. Eu via Satanás cair como um relâmpago [1999]. Tradução Martha Gambini. São Paulo: Paz e Terra, 2012.

GUIMARÃES HOPFNER, Soraya. “O olhar que repara o tempo”. In: Rebelados da Cultura: antropoéticas e comunicação. Natal: Caravela, 2021.

KOPENAWA, Davi & ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das letras, 2010.

SERRES, Michel. O mal limpo: poluir para se apropriar? [2008]. Trad. Jorge Bastos. São Paulo: Bertrand, 2011.

COMPLEMENTAR

ANDERS, Günther. Ketzereien. München: C. H. Beck, 1982.

BATAILLE, Georges. L’érotisme. Paris: Editions de Minuit, 1957.

CAMUS, Albert. La peste. Paris: Gallimard, 1947.

_______. La chute. Paris: Gallimard, 1956.

CELAN, Paul. Lichtzwang. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1970.

CORBIN, Alain. Le miasme et la jonquille. L’odorat et l’imaginaire social, xviiie-xixe siècles. Paris: Flammarion, 1982.

_______. Histoire du silence. Paris: Albin Michel, 2016.

DEFOE, Daniel. (1722) A journal of the Plague Year. London: Penguin, 2003.

DEMUTH, Volker. Fleisch: versuch einer Carneologie. Berlin: M. & Seitz, 2016.

DERRIDA. La pharmacie de Platon. Paris: Tel quel, 1968.

_______. Politiques de l’amitié. Paris: Galilée, 1994

_______. Apories. Paris: Galilée, 1996.

_______. Le monolinguisme de l’autre. Paris: Galilée, 1996.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Mémorandum de la peste. Le fléau d’imaginer. Paris: Christian Bourgois, 1983.

ESPOSITO, Roberto. Immunitas. Protezione e negazione della vita. Torino: Einaudi, 2002.

GAMBINI, Roberto. Espelho índio: a formação da alma brasileira. São Paulo: Terceiro Nome, 2000.

HENRI, Michel. Incarnation: une philosophie de la chair. Paris: Seuil, 2000.

KAMPER, Dietmar. Zur Geschichte der Einbildungskraf. München: Carl Hanser, 1981.

_______. Im Souterrain der Bilder. Die schwarze Madonna. Bodenheim: Philo, 1997.

KOFMAN, Sara. Comment s’en sortir. Paris: Galilée, 1983.

KRISTEVA, Julia. Pouvoirs de l’horreur. Essai sur l’abjection. Paris: Seuil, 1980.

KOPENAWA, Davi. La chute du ciel: paroles d’un chaman yanomami. Paris: Plon, 2010.

MACHO, Thomas. Keimfrei. Zürich: Vontobel-Stiftung, 2013.

_______. Schweine: ein Portrait. Berlin: Matthes & Seitz, 2015.

MICHAUX, Henri. Au pays de la magie. Paris: Gallimard, 1941.

_______. Épreuves et exorcismes. Paris: Gallimard, 1940-1944.

_______. Ailleurs. Paris: Gallimard, 1948.

MONTAIGNE, Michel de. Les essais. Paris: Gallimard, 2009.

MOULINIER, Louis. Le pur et l’impur dans la pensée des grecs d’Homère à Aristote. Paris: Klincksieck, 1952.

NAVES de OLIVEIRA, Danielle. Poros – ou as passagens da comunicação. São Paulo: Paulus, 2016.

_______. “Miasma: sobre a estranha relação dos ocidentais com a impureza”. In: Rebelados da Cultura: antropoéticas e comunicação. Natal: Caravela, 2021.

_______. “Comunicação-contaminação. Com Dietmar Kamper, uma dialética da imunidade”. In Ghrebh-, v. 13, p. 1-10, 2009.

PARKER, Robert. Miasma: pollution and purification in early greek religion. Clarendon, 1983.

PEGATZKY, Stefan. Das poröse Ich. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2012.

SAMSONOW, Elisabeth von. Epidemic Subjects. Radical Ontology. Zürich: Diaphanes, 2017.

SERRES, Michel. Le malpropre: polluer pour s’approprier? Paris: Le pommier, 2008.

SLOTERDIJK, Peter. Sphären: I Blasen, II Globen, III Schäume. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1998-2004.

VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. Métaphysiques cannibales. Paris: PUF, 2009.

WEIZSÄCKER, Viktor von. Pathosophie. Vandenhoeck & Ruprecht, 1955.

ZIEGLER, Leopold. Überlieferung. 2. Ausgabe. München: Kösel, 1949.

PROFESSORES

Gustavo de Castro da Silva: Poeta, escritor e jornalista. Pós-doutorado (2015) em Estudos Ibéricos e Latino-americanos pela Université Sorbonne – Paris IV; Pós-doutorado (2011) em Teoria Literária pela Universidade de Brasília (UnB); Doutorado (2002) em Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Pesquisador no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo (IEB-USP). LATTES

Danielle Naves de Oliveira: Dedica-se à pesquisa em teoria e filosofia da comunicação, poesia e comunicação, processo civilizatório e comunicação, com ênfase em autores alemães contemporâneos. Trabalha também como tradutora de livros dessas mesmas áreas. É autora do ensaio “Poros – ou as passagens da comunicação” (Paulus, 2016). LATTES

Miasma: Arqueologias do Contágio na Comunicação - SIRUIZ - Grupo de Comunicação